27/07/2009

Epidemia de gripe pode elevar custos dos Planos de Saúde


Operadoras de planos de saúde começam a calcular o impacto financeiro da chamada gripe suína, que, segundo o Ministério da Saúde, já provocou 8.328 casos suspeitos no país, com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste. A grande preocupação das empresas é com as despesas causadas pelo crescimento dos atendimentos, já que hospitais do Rio e de São Paulo registram alta de até 50% na demanda por atendimento emergencial. No Copa D’Or do Rio, o maior hospital da rede privada carioca, o número de atendimentos a crianças este mês aumentou 68% em relação a julho do ano passado. Do público total, 95% são clientes de planos de saúde. Nos consultórios médicos, segundo a Unimed-Rio, o crescimento é de 20%. Em São Paulo, os hospitais privados registram alta de até 30% nos prontos-socorros em relação ao inverno de 2008. No grupo Amil, há atualmente 15 clientes internados com sintomas da gripe, dos quais oito em UTI. “Cada internação com assistência respiratória integral 24 horas custa entre R$ 10 mil e R$ 12 mil por dia. E a expectativa epidemiológica é que o volume de internação cresça até setembro”, explica Antonio Jorge Kropf, diretor do grupo, com mais de 2,5 milhões de associados em planos médicos individuais e coletivos. Os planos preveem repassar esses custos ao consumidor. “No ano que vem, ao negociar com a Agência Nacional de Saúde Suplementar o reajuste, vamos mostrar as planilhas e pediremos um repasse maior. Já ocorreu com a dengue e deve ocorrer com a gripe suína”, diz Eduardo Assis, da Unimed-Rio. “Isto é uma consequência natural do processo”, completa Jorge Antônio Kropf, da Amil. Mas a negociação não deve ser fácil. “Acho difícil conseguir repassar esse aumento nos planos individuais, que são controlados pela ANS”, diz Arlindo Almeida, presidente da Abramge, entidade que reúne as empresas de medicina de grupo. Nos planos coletivos, o reajuste é negociado livremente entre as partes. Seguradoras da área patrimonial também podem ser afetadas pela gripe. Marcelo Elias, diretor da consultoria Marsh, lembra a existência da cláusula de lucros cessantes no seguro patrimonial. “Um exemplo simples é o de uma indústria que tenha metade dos funcionários de uma determinada linha de produção afastada pela doença. O empresário vai exigir a cobertura”.


Fonte:
Jornal Valor Econômico